Foi a partir da revolução científica, industrial e francesa que se instituiu o progresso como único
meio de proporcionar à humanidade bem-estar e
felicidade, com ganho monetário e consumo material. Para alcançar tal objetivo, invento-se “dominar” a natureza a qualquer custo, explorando indiscriminadamente os seus recursos. Mas, em certo momento do século
XX, começaram a surgir indícios de que esse modelo
de desenvolvimento seria insustentável no longo prazo.
Quando o homem viajou ao espaço e a primeira foto
da Terra vista lá do alto foi divu1gada, a beleza da imagem fez muitos se conscientizarem de que era necessário respeitar o frágil ecossistema em que vivemos para
proteger o planeta. “A Terra é azu1”, revelou o astronauta russo Yuri Cagarin. E única, todos sabemos hoje.
Em 1972, o Clube de Roma, formado por importantes
nomes de diversas áreas do conhecimento para debater política, economia internacional e, sobretudo, meio
ambiente, publicou estudo elaborado por uma equipe do
Massachusetts Institute of Technology (MIT). Intitulado
Os Limites do Crescimento, o documento previa que, por consequência da industrialização, os recursos do planeta se esgotariam em menos de 100 anos, caso os países
continuassem a explorá-los de maneira descontrolada. O
estudo foi um dos primeiros alertas sobre os perigos de
fazer da natureza refém dos caprichos humanos e teve
enorme impacto político.
No mesmo ano, foi realizada em Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento. O evento resultou
em uma declaração final contendo 19 princípios que
estabeleciam as bases para uma nova agenda ambiental. Em um dos trechos, reconhecia: "Chegamos a um
ponto na história em que devemos moldar nossas ações
com maior atenção para as consequências ambientais.
Através da ignorância ou da indiferença podemos causar
danos irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida
e bem-estar dependem".
Quinze anos depois, em 1987, a Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sob comando
da médica norueguesa Gro Harlem Brundtland, publicou o relatório Nosso Futuro Comum, e foi nesse relatório
que se definiu o conceito de Desenvolvimento Sustentável: “Um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações futuras”.
A ideia não é, nem nunca foi, abdicar do progresso, fundamental para manter o mundo girando, mas encontrar um modelo de desenvolvimento que não esgote os
recursos naturais, combinando crescimento econômico
e conservação ambiental.
Em mais uma tentativa de mobilizar os países nessa
direção, a ONU divulgou recentemente um rascunho com
sugestões de dez metas que todos os países deveriam
alcançar para garantir o desenvolvimento sustentável:
l) Erradicar a pobreza extrema e a fome;
2) Alcançar o desenvolvimento global dentro dos limites planetários;
3) Garantir aprendizado efetivo a crianças e jovens;
4) Alcançar a igualdade de gêneros, inclusão social e
direitos humanos;
5) Alcançar saúde e bem-estar para todas as idades;
6) Melhorar os sistemas agricolas e aumentar a prosperidade rural;
7) Tornar as cidades mais inclusivas, produtivas e
resilíentes;
8) Controlar as mudanças climáticas e garantir energia limpa para todos;
9) Proteger os serviços ambientais, a biodiversidade
e a boa gestão dos recursos naturais;
10) Ter uma governança voltada para o desenvolvimento sustentável.
A proposta, ainda bastante superficial, foi elaborada
por um grupo internacional de especialistas de diversas áreas e faz parte dos chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustetável (ODS), que entrarão em vigor a
partir de 20l5, com metas e prazos estabelecidos. Isso,
claro, se houver acordo entre os países na longa e difícil
negociação em torno das ODS, que a Assembleia Geral
da ONU começou a analisar em setembro.
Apesar das fortes exigências de que o planeta corre
sério risco de uma crise de escassez de recursos naturais, parece que muitos países, pessoas, empresas ainda
não perceberam que o desenvolvimento sustentável é o único possível para a sobrevivência de todos.
por Marcos Guinoza, Revista Meio Ambiente, junho)2013.
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