PERÍODO HOMÉRICO
A característica mais marcante do Período Homérico é
a formação das comunidades gentílicas, também denominadas sistemas gentílicos.
Essas sociedades eram comandadas por um chefe comunitário - pater -, que
coordenava todos os bens de produção, como terras e animais, além de acumular
as funções jurídica, administrativa e religiosa. Nesses núcleos, não existia a
propriedade privada e a produção era voltada para o consumo.
A procura de terras férteis foi decisiva para que
diversos genos se confrontassem, pois formavam uma sociedade com base na produção
agrícola, além da expansão demográfica, que aumentou a demanda por espaço e
alimentos. No decorrer desse processo, várias sociedades gentílicas entraram em
combate e outras se uniram em um dos períodos mais difíceis da Grécia Antiga.
0 Período Homérico é assim chamado porque uma das
fontes históricas que nos permitiram conhecer as características daqueles
tempos chegou até nós por meio de uma obra escrita por Homero, a Ilíada.
A comunidade gentílica, que se estendeu por quase
todo o Período Homérico, ao entrar em decadência, tendeu a perder o caráter comunitário,
e o poder foi passando para o basileu, chefe militar supremo.
A divisão das terras entre os habitantes dos genos
seguiu uma ordem de proximidade de parentesco com o pater. Sendo assim, os
filhos e os familiares próximos receberam as melhores terras agricultáveis (Eupátridas).
As terras restantes foram destinadas aos pequenos proprietários (Georgói),
enquanto uma parte dos habitantes dos genos foi excluída dessa partilha (Thetas).
Após essa divisão, os menos favorecidos pela partilha da terra buscaram novas
áreas que lhes possibilitassem o sustento pela agricultura. Essa necessidade
tinha motivação qualitativa e também quantitativa, visto que a população
aumentava, pois até mesmo os filhos mais novos dos eupátridas e as gerações
seguintes ficaram fora da partilha. Além da falta de terras, os constantes
conflitos entre os genos provocaram uma nova dispersão dos gregos.
Essa nova dispersão, que encaminhou a população
marginalizada para o Mar Negro, a Península Itálica e a Sicília, foi chamada de
Segunda Diáspora Grega. A região ao sul da Itália ficou conhecida como Magna
Grécia.
Essa expansão aliada à amplitude territorial e ao
relevo acidentado foram fatores determinantes para a independência
político-administrativa desses novos povoados, consolidando a formação de
cidades-Estados, ou pólis, dando início ao Período Arcaico.
PERÍODO ARCAICO
Ao final do Período Homérico, as terras foram
privatizadas e as comunidades gentílicas se desintegraram. Essas transformações
deram origem a uma oligarquia, comandada por aristocratas ligados à produção
agrícola e à guerra, fatores que favoreceram a formação das pólis. Foi durante
esse período que o arrebatamento de terras pela aristocracia ficou mais
evidente e a escravidão por dívida de camponeses pobres tornou-se mais intensa.
Apesar do aumento considerável do número de escravos durante o Período Arcaico
(século VIII ao VI a.C.), a base da economia continuava a ser a agricultura,
mesmo com o surgimento do comércio e do artesanato, que também ganharam um
grande impulso com a produção (cunhagem) de moedas.
Mais de cem cidades-Estados surgiram durante o
Período Arcaico e apresentaram diferentes níveis de crescimento econômico, fator
que determinou o desenvolvimento cultural e político. Enquanto algumas cidades
conseguiram terras férteis e desenvolveram seu potencial agrícola, outras se
lançaram ao mar e conheceram outras culturas e, consequentemente, diversas
matérias-primas (cobre, estanho, ouro, prata, cereais e púrpura), destacando-se
pelo comércio e pela navegação. O contato com diferentes povos e culturas, no
Período Arcaico, fomentou a construção de uma identidade nacional que
preservasse suas características.
No fim do Período Arcaico,
entre 650 e 510 a.C., em algumas pólis, os aristocratas se mantiveram no poder
e constituíram governos tiranos, sendo estes o marco da transição do Período
Arcaico para o Período Clássico, momento em que duas cidades-Estados se destacaram
pela hegemonia e também pelas suas diferenças: Esparta e Atenas.
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